sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"terrorismo"


não há polícias que cheguem para os terrorismos. não vale a pena ter ilusões. 
não se nasce "terrorista", não há ADN, nem impressões digitais, nem imagens da retina, nem traços lombrosianos que diferenciem um "terrorista" de um "não-terrorista". 
além disso, a primazia da ação é dos "terroristas", as polícias. limitam-se a reagir e a planear a "prevenção" tendo por base o passado, o historial. 
não podem agir nem planear tendo por base o futuro, quer dizer, aquilo que os "terroristas" irão inventar para escaparem aos controlos e levarem a cabo os seus objetivos. 
num mundo confuso, injusto e instável, é uma luta perdida. mata-se um "terrorista", nascem dois, tal como os braços da Hidra de Lerna. matar "cabecilhas" de um regime, de um grupo ou de uma máfia não resolve nada. mata-se um, nascem dois, porventura piores. 
o ridículo do baralho de cartas com que os americanos decidem quem matar fala por si mesmo. 
o problema do "terrorismo" está nas origens do fenómeno terrorista, não no "terrorismo" em si mesmo. 
maus tempos geram tempestades. não se pode ter sol e bom tempo quando as nuvens estão de trovoada.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

dez lamentações políticas

1 - revejo-me em muitos nomes da direita, como Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amaral, Mota Amaral, Francisco Lucas Pires, Manuela Ferreira Leite, José Pacheco Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa e até em Pedro Santana Lopes. o que não me revejo é nesta direita portocoelhista cavaquista. revejo-me na inteligência, não consigo rever-me na burrice, na incultura, no chicoespertismo e na saloiice generalizada. fui apanhado no terramoto que abriu uma enorme racha no país. fiquei deste lado. felizmente, tive sorte, sinto-me muito melhor onde estou (FB, 12-11-2015). 

2 - deixaram um país vendido ao desbarato. nem as sobras nos deixaram. diz que era para compor a nossa dívida pública e tretas do género. mas a dívida pública não parou de aumentar. quem vier vai ter que construir de novo um país chamado Portugal. foram apeados, chumbados, demitidos. na Islândia iriam todos dentro. aqui ainda aspiram a ser um governo de gestão para caírem de novo e irem empando a coisa (FB, 11-11-2015). 

3 - no meu país o governo mudou de apoio aos "parasitas", mudando de parasitas. os necessitados que se lixem, os trabalhadores que se lixem, os reformados que se lixem, são esterco, não são parasitas de jeito. o que é preciso é alimentar o parasitismo das clínicas e hospitais privados, o que é preciso é alimentar a dinheiro público o florescimento das escolas privadas, o que é preciso é dar de comer aos bancos, aos empreendedores e empresários de meia tigela, o que é preciso é empobrecer uns e enriquecer outros, é inverter a pirâmide de sacrifício de crise (FB, 11-11-2015). 

4 - não concordo que a coligação de esquerda acabe com a taxa moderadora na interrupção voluntária da gravidez (aborto voluntário), sem acabar com todas as taxas moderadoras. não se trata de uma situação de doença grave nem crónica, nem que exija uma prolongada medicação e monitorização. trata-se, ainda por cima, de um ato plenamente voluntário e não de uma fatalidade imprevisível. mas isso sou eu, que nestas questões, não gosto de certos tiques da esquerda prafrentex. quanto ao resto, na questão da interrupção voluntária da gravidez, estou como o outro: "façam como entenderem". já quanto a certos rituais inquisicionais, com cheiro a bafio e hipocrisia, como fazer a mulher ver e observar a ecografia, ou ter consultas obrigatórias de psicólogos ou outros profissionais, acho muito bem que acabem de uma vez por todas com essas fantochadas.

em tempo: sou a favor de que acabem de vez todas as taxas moderadoras nos serviços públicos. na prática, são um sobre-imposto sobre quem já paga impostos, já que a maioria da população, por não ter rendimentos para pagar impostos, também já não paga taxa moderadora (FB, 11-11-2015). 

5 - por proposta do Bloco de Esquerda, vão acabar os exames do 1º ciclo e as provas de avaliação de professores. sinceramente, não concordo. não concordo mesmo. eram exames e provas estruturantes do sistema de ensino. há coisas em que o ensino precisa de melhorar, mas não é a acabar com as avaliações que se resolvem ou melhoram. digam-me só uma coisa: ficavam felizes se os médicos deixassem de ser avaliados com regularidade? se fosse igual ao litro terem competência ou não? serem especialistas de uma coisa ou de outra coisa qualquer? (FB, 11-11-2015). 

6- está visto, o país partiu quase ao meio. a direita é direita, é direita. porque sim. são dois quintos. a esquerda é esquerda, é esquerda. porque sim. são três quintos. o centro, onde eu julguei que estava, desapareceu. e agora? (FB, 11-11-2015) 

7 - um governo que não vê nos funcionários públicos e nos aposentados mais que uns míseros parasitas que não merecem nem metade do que lhes pagam, que acha que os trabalhadores são carne para canhão e podem trabalhar muito mais por muito menos dinheiro, e todos eles sujeitos a impostos usurários, e que, em contrapartida defende os ricaços e os poderosos, que lhes perdoa, facilita, reduz ou anula as suas obrigações fiscais, invertendo assim, a pirâmide de sacrifício pela crise, não é um governo, é um exército de ocupação. e é isso que me afastou e afasta do partido (FB, 10-11-2015). 

8 - foi deprimente a linguagem escolhida pela direita para o debate do programa de governo. em primeiro lugar, continuaram a evitar a discussão de um programa [inexistente?], preferindo discutir o que achavam que virá a ser o programa do governo seguinte, mais uma vez encarnando o habitual papel de oposição à oposição; em segundo lugar, a linguagem de carroceiro, a injúria constante e o achincalhamento do adversário. foi uma tática que, felizmente, não obteve resposta igual. pelos vistos, ainda existe uma reserva de decência, de nível intelectual e de educação no Parlamento português. mas não à direita. e pena é. não havia necessidade. afinal, são todos deputados do mesmo povo (FB, 10-11-2015). 

9 - a Drª Maria Cavaco é, por muitas razões, a única excelente candidata presidencial dos bons cavaquistas. partilha com Cavaco todas as caraterísticas e falta delas que fazem dele um presidente desigual de todos os outros. e ainda por cima dorme com ele (FB, 09-11-2015). 

10 - estou aqui a magicar sobre o que virá a ser o "superior interesse nacional". é que o senhor presidente não fala de outra coisa. ah, já sei, o "superior interesse nacional" é o que o senhor presidente decide que é. não é preciso mais nada. nem votos, nem meios votos. acabem lá com essa treta dos votos. o senhor presidente é que sabe o que é o "superior interesse nacional". estamos bem. para quê ir a votos? sim, para quê? não temos um presidente omnipotente e omnisciente? que queremos nós mais? por favor não deixem o senhor ir embora nem morrer. ficamos órfãos (FB, 09-11-2015).

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

não perdoo

não perdoo, não perdoarei nunca, nem tenho que perdoar, que o PàF tenha cortado a minha pensão de aposentadoria e a de outros como eu, que toda a vida trabalhámos para a conseguir, descontando parte substancial do salário mensal. 
não perdoo que tenham cortado salários e aumentado as horas de trabalho aos funcionários públicos, assim, sem mais nem menos. 
não perdoo que, ao menos, não tivessem a decência de cortar proporcionalmente as pensões de reforma, ou outras, e de cortar proporcionalmente os salários e aumentado as horas de trabalho dos diretores e subdiretores de todas as diretorias e subdiretorias, dos CEO, presidentes, vicepresidentes e vicevicepresidentes dos mais que muitos tachos e prebendas. 
não perdoo que atirem as culpas só para cima de uns, quando tiveram tanta ou mais responsabilidade naquilo que aconteceu às finanças. 
não perdoo que tenham subido astronomicamente os impostos de quem os paga e não tenham feito nada para cobrar os impostos de quem, tendo muito mais que os pagar, os não paga. de quem foge a eles como o diabo da cruz. de quem vai pagá-los no estrangeiro, por metade do preço.
não perdoo que, ao menos em troca, não tenham baixado a dívida pública, não tenham criado empregos e tenham mandado meio mundo para fora, como refugiados de um país idiota. 
não perdoo a falta de sentido de Estado com que destruiram a função pública, as empresas públicas, os setores essenciais da economia nacional. não perdoo a forma como vendilharam tudo, e mais que houvesse, por tuta e meia. 
não perdoo muitas mais coisas, que nem sequer vale a pena aqui referir. 
não voto neles. e tudo farei para que ninguém caia no inacreditável disparate de votar em semelhante gente.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

o Califado

a Europa, mas sobretudo os Estados Unidos, entendem o Estado Islâmico à maneira ocidental: a gente corta-lhes meia dúzia das principais cabeças à dronada e já está: era uma vez o Estado Islâmico. 
mas o Estado Islâmico, perdão, o Califado, é mais que meia dúzia de cabeças políticas e um milhão de seguidores acéfalos. 
é um estado de espírito, 
é um mundo novo. 
pode ser uma aberração, mas é isso que ele é: um mundo novo. 
e contra mundos novos não há drones que funcionem. 
dificilmente, senão nunca, conseguiremos vencer uma coisa que não compreendemos. 
diz um amigo meu que "cada alforreca que se corta em bocados, de cada um destes resulta uma nova alforreca". 
concordo. e, sendo alforrecas inteligentes e estudadas, pior ainda.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

os migrantes

somos uma cambada. 
há milhares de migrantes que morrem há meses nas ondas do mar Mediterrâneo. há milhares deles que morrem de fome, de sede e de cansaço desde o início das movimentações migratórias rumo à Europa. mas só agora está todo o mundo incomodado por causa do "Menino da Praia". 
um dia destes esquecem-se do "Menino da Praia", vem outra coisa mais chocante (um gato morto, um cachorro morto?) e pronto, lá fazemos de conta que nos incomodamos outra vez.
a situação é grave e não dá sinais de melhorar, de diminuir de gravidade, sequer. 
é preciso resolver os problemas das crianças, dos gatos, dos cães e também dos homens e mulheres adultos - que são afinal os que migram em primeira linha. 
é preciso compreendermos em que é que estamos metidos e por que razão nos meteram nesta situação, a nós, que os vamos receber, e a eles que querem ser recebidos. 
é preciso que quem os lançou na miséria e na debandada assuma a sua responsabilidade histórica. 
é preciso parar com a hipocrisia dos que atacam os traficantes de vidas humanas, como se não houvesse migração sem eles, como se por detrás da migração não estivessem os disparates bélicos "ocidentais" e os interesses inconfessáveis por detrás deles, como se, por último, os Estados estivessem preparados logisticamente para transportar e receber com dignidade todos os que querem vir. 
é preciso, sim, pôr fim aos traficantes, mas é preciso também - e, se calhar, primeiro - pôr fim áquilo que leva as pessoas a recorrer a eles. 
é preciso pôr fim às causas para poder pôr fim às consequências. 
é preciso agir com sabedoria e tino. antes que as novas hordas de migração deem cabo dos ovos de ouro que procuram nesta galinha europeia.

isto já aconteceu uma vez na história da Europa. era o Império Romano e algum tempo depois deixou de ser.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

o milagre

vendo-a pelo preço que me custou:

uma doente que me consulta pela primeira vez, após longos anos de sofrimento bipolar, conta-me que a última vez que tinha ido a um psiquiatra foi, alguns anos antes, na consulta externa de um hospital da especialidade, onde, inclusive, tinha tido vários internamentos. 
de acordo com a doente, visivelmente desativada e depressiva,  o psiquiatra que a observara ter-lhe-á perguntado:

- você acredita na Senhora de Fátima?
- acredito, sim - respondeu, convicta, a doente.
- então está curada! é milagre. já não precisa de mais remédios nem consultas.

não quis saber o nome do colega, para não ficar com o peso de saber demais. mas creio que a doente, alvo de várias mudanças de médico na consulta externa, também já não será capaz de recordar o nome dele.

sei é que, infelizmente, o milagre não deu resultado nenhum.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Europa e caviar

tal como o meu coração na caixa torácica, a minha posição política é de centro-esquerda. nunca provei nem tenho pressa de provar caviar. provavelmente, nem sequer me atreveria a prová-lo, porque não sou dado a "iguarias" bizarras. 
contento-me com a comida tradicional, cozido à portuguesa, carne de porco à alentejana, bacalhau com natas, sopa da pedra, caldo verde, caldo à lavrador, bacalhau cozido com batatas e grelos, bacalhau à Narcisa e à Gomes de Sá, pasteis de nata e queijadas de Tentúgal.
vem isto a propósito da maneira como se lê o que se está a passar na União Europeia. 
os caviares de esquerda e direita vociferam, cada qual para seu lado, com os seus modelos fora da realidade, uns porque demasiado assim, outros porque demasiado assado. os caviares de direita porque a culpa é da Grécia e dos gregos, os caviares de esquerda porque a culpa é da Alemanha e dos alemães.
é por demais evidente que as coisas não estão bem, que a União Monetária europeia deu um estrondoso berro. que é preciso voltar ao ponto de partida e construir uma União noutros pressupostos, uma União que seja imune aos jogos e tramoias dos especuladores bolsistas e capitalistas sem escrúpulos.
até porque não há nada que diga que os especuladores bolsistas e os capitalistas em geral tenham que ter escrúpulos.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

discurso otimista para Sua Excelência

saiba Vossa Excelência, senhor Presidente, que: 
apesar de todas as dificuldades, estou otimista, de um otimismo morcão. 
apesar do que vejo à minha volta, apesar das empresas e lojas falidas, apesar do desemprego dos jovens que não emigraram, estou otimista, de um otimismo tolo. 
apesar dos adultos e crianças que vivem e dormem nas ruas, estou otimista, otimista como um sapo. apesar do insulto que são os peditórios dos bancos alimentares, para gáudio e proveito das grandes superfícies, à custa do sentimentalismo dos babacas, estou otimista. com o otimismo de um nabo.
apesar dos cortes nas pensões para que contribuimos a vida inteira, estou de um otimismo bacoco.
bebi uns copos para me otimizar.
é servido?
chim-chim.



terça-feira, 9 de junho de 2015

a verdade

a verdade é um vício que se entranha em certas pessoas pouco imaginativas.
há que combater o vício.
esqueçamos a verdade.
sobretudo, nunca se deve dizer a verdade ao pé das outras pessoas.
podem apanhar o vício também.
e, além do mais, a verdade pode matar.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

o gato sagrado

no exame de Física é pedido aos estudantes que calculem a energia cinética de um gato em queda, salvo erro, de uma altura de oito metros.
um escândalo. não se admite uma coisa dessas nem por supônhamos.
ainda se fosse um velho de setenta anos, vá que não vá, tolerava -se, agora um gato, nem pensar.
a simples hipótese é inadmissível, um escândalo, a blasfémia por excelência.
aqui, no Estado Islâmico das redes sociais, só resta uma atitude: cortar o pescoço a quem teve a ideia de, num terrível exercício, fazer de um gato uma cobaia da matemática física.
não se admite.
é que um gato pode perfeitamente cair de uma altura de oito metros. mas só no real-real. no reino do real faz de conta, o Estado Islâmico das redes sociais não deixa.

longe vão os tempos da cantilena infantil "atirei cum pau ó gato-to-to, mas o gato-to-to não morreu-reu-reu. dona Chica-ca 'dmirou-se-se do berro, do berro co gato deu: miauuu!!"
mas bem sei que no Antigo Egito o gato era um animal sagrado, intocável, portanto.

o país melhor e os cofres cheios

21 de maio.
um homem foi presente a tribunal para primeiro interrogatório judicial.
perdeu o trabalho e a casa, tendo sido despejado.
abandonado e na rua, fez três assaltos com uma faca que trouxe da casa perdida.
entregou-se à polícia e confessou os crimes.
pediu que o levassem preso, já que não tem que comer nem onde dormir.
etc e tal, o país está melhor e os cofres estão cheios.

a herança

era uma casa em ruínas, num belo lugar da cidade.
as últimas habitantes, duas tias solteironas, já tinham morrido há que tempos.
foi saqueada e ocupada por imigrantes ilegais, a quem tiveram que mover ações de despejo, antes que, ainda por cima, viessem alegar usucapião.
a ruína sucumbia lentamente ao avanço das ervas, árvores, arbustos e bichos. era já mais um matagal do que uma casa propriamente dita.
chegou a hora do adeus, de decretar o fim, de assinar a certidão formal de um óbito recesso.
mais de vinte herdeiros foram dividir entre si os insignificantes despojos, a ridícula "herança".
foi-se a casa e a ruína, ficaram as memórias de quem as tem. e eu tenho muitas.
essa é a verdadeira herança, a que não pode vender-se nem apagar-se por um qualquer novo empreendimento em seu lugar.
adeus, casa do tio cónego!



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a casa ficava meio escondida num declive junto à estrada onde, naquele tempo, o elétrico subia numa chiadeira cansada. um belo dia, no elétrico viajavam o meu tio e um amigo, engenheiro, pessoa importante da cidade. diz o amigo para o meu tio:
- ó senhor cónego, a sua casa está mesmo escondida, quem vai de elétrico mal lhe vê o cume...
e o meu tio, sem pestanejar:
- ó senhor engenheiro, e quem vai de elétrico tem muita sorte, porque quem vai a pé nem o cu-me vê...

quinta-feira, 14 de maio de 2015

o que vale o contrismo

cada vez é mais evidente qual é o sentimento que motiva toda a argumentação e contra-argumentação, toda a lógica e falta dela, toda a invenção de factos e todas as mistificações do contrismo. 
antes do mais, a maioria dos contristas nem sabe do que está a falar e nem sequer domina a ortografia que defende. escreve "à" onde deveria escrever "há" e vice-versa. escreve "dá-mos" por "damos" e vice-versa. escreve "pertende" por "pretende" e outras maravilhas. não tem lógica nem conhecimentos para o que afirma. não estuda nada. só sente. só tem sentimentos. 
e é aqui que a coisa se esclarece definitivamente. eles são contra um acordo com o Brasil. porque os brasileiros "não falam bem português", porque o Brasil é subalterno em relação a Portugal, porque no Brasil só há "ignorantes e analfabetos". sim, porque em Portugal os ignorantes e analfabetos não são ignorantes nem analfabetos, são patriotas. 
em suma, se alguém tinha que mudar, e sozinho, seria o Brasil. para se submeter a uma norma "portuguesa" que deriva da norma unilateral criada em 1911 pela República Portuguesa e não pelo Brasil. 
é o chauvinismo, a xenofobia e o colonialismo recesso no seu melhor. eis o que vale o contrismo.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

os votos inúteis

mais umas eleições, mais uma vitória conservadora.
num momento de crise gravíssima, tanto a nível económico, como institucional e de valores, podemos perguntar: como é possível que o partido, ou coligação, do poder se mantenha incólume? antes do mais, porque o segundo partido, em geral social-democrata ou socialista democrático, não é visto como uma alternativa séria. os eleitores veem-no como farinha do mesmo saco, ou seja, mais do mesmo, apenas com ligeiras diferenças éticas, estéticas e linguísticas.
multiplicam-se as alternativas redentoras, as receitas gerais, regionais, locais e particulares, as opções pela não-política, como o partido dos gatos e dos cães, o partido verde, amarelo, cor-de-rosa e arco-íris, o partido do pinto ou do morais.
perante a inutilidade destes votos em termos de uma real alternativa política, vai o status quo passando pelos buracos da chuva.
é claro que os eleitores devem saber o que fazem e perceber que num momento destes o melhor é votar no mal menor. que todas as alternativas redentoras não passam de cheques em branco aos que mandam hoje.
mas é preciso que o partido do mal menor nos convença de que o voto nele é um voto útil. caso contrário, como diz o outro, "pra pior já basta assim".
é o que dizem os votantes quando votam inútil.
mas, apesar de tudo, ainda não é o que eu penso.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

sobre certos delirantes defensores da defunta ortografia

na defunta ortografia, "assumpção" passou a "assunção"; "diccionário" passou a "dicionário", mas “dicção” manteve-se com o "c" porque se pronuncia;
e "contradição" é uma contradição, porque não se escreve "contradicção", como seria se estivesse de acordo com a tradição da "línguas europeias";
"estructura" passou a "estrutura";
"redempção" passou a "redenção", "redemptor" a "redentor";
e "tractado" passou a "tratado".
isto, já se vê, na mais completa "violação da tradição ortográfica das línguas europeias" - como dizem certos delirantes defensores da defunta ortografia.
por isso mesmo, uma ortografia litúrgica, bíblica, sacrossanta e morta.
pela mesma ordem de ideias, e já que a coisa está "violada" por natureza, não entendo porque "peremptório" não há de ser "perentório", nem por que "acção" não há de ser "ação", nem "Egipto há de ser "Egito", ainda que "egípcio" se mantenha com "p" porque se pronuncia.
além do mais, o Português é uma língua de origem europeia, mas não é as línguas europeias, nem as "línguas europeias" são o Português.
quem atura defensores da defunta ortografia bem decerto vai prò céu...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

homossexuais, heterossexuais, bissexuais e o raio que os parta a todos

G., de 18 anos, revela no FB e ao Correio da Manhã-TV que é bissexual.
tão grande façanha comove-me.
merece toda a divulgação do mundo.
porque eu, quando tiver 18 anos, quero ser monossexual e hetero. e vou ao Correio da Manhã TV dizer isso mesmo: sou monossexual e hetero.
a minha opção, moda, destino, ou lá que é, não pode ficar comigo e com os meus segredos. tem que ser divulgada, urbi et orbi.
é um bocado retro, mas por isso mesmo: é preciso evitar e prevenir o bullying. enquanto é tempo.

sexta-feira, 6 de março de 2015

a "reforma e a desinstitucionalização" psiquiátricas em Portugal

um estudo recente de Filipa Palha aponta inúmeras inconsistências, incongruências e desigualdades no processo de "reforma e desinstitucionalização" psiquiátricas em Portugal. 
não sei muito mais do que diz o estudo e também não vou perder muito tempo com ele. mas que o processo de "reforma e desinstitucionalização psiquiátrica" em Portugal foi uma pessegada austeritária, isso foi. 
que hoje não há camas suficientes para "agudos" e que os "crónicos" estão por aí bem escondidos em instituições desvocacionadas e desequipadas, longe da vista dos curiosos, isso é. 
e que se eles descompensam não há onde os meter, também é verdade. 
e que é cada vez mais perigoso ser doente mental em Portugal, é. 
e tudo isso porque quanto mais barato melhor, que uma reforma e desinstitucionalização psiquiátrica sérias "custam muito dinheiro". 
não importa saber se o custo é menor que o benefício. ninguém está para fazer essas contas. toca a desinvestir, toca a cortar, toca a desmantelar, toca a destruir. é essa a cultura atual. 
e os doentes? doentes? quem quer saber disso?

domingo, 15 de fevereiro de 2015

democracia

a democracia é muito bonita. eu gosto muito da democracia. a democracia serve para a nossa alimentação.
se não houvesse democracia, roubava-se os trabalhadores e os reformados, esmagava-se a classe média com impostos, taxas e multas, e mandava-se para a rua, quer-se dizer, para a rua mesmo, todos os inúteis que não aguentassem os castigos e sanções económicas.
o que nos vale é haver democracia.
e é tão importante a democracia que o melhor é nem haver eleições, porque assim teremos democracia para sempre.
esta democracia, claro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

deus, religião e crueldade

é verdade que em nome de deus e da religião tem havido muitas guerras, muitas mortes e muita crueldade. 
mas as duas grandes guerras mundiais do século XX (guerras laicas), em que se matou mais gente que em tods as guerras anteriores, não foram feitas em nome de deus nem de nenhuma religião. 
o que quer dizer que as guerras, as mortes e a crueldade não são propriedade de deus nem das religiões, mas tão somente da loucura dos homena. 
é que podem mudar as bandeiras e os símbolos, mas a pulsão assassina permanece.