terça-feira, 22 de julho de 2014

os politicamente corretos e a Guiné Equatorial

devo exprimir claramente a minha opinião sobre o caso da Guiné Equatorial. 
os mesmos puristas e isolacionistas de sempre estão muito preocupados com a ditadura do senhor Obiang, em lugar de estarem preocupados com a expansão e influência do nosso idioma. as ditaduras passam e o idioma fica. 
sei que, felizmente, os outros membros da CPLP estão-se nas tintas para os nossos pruridos e arrogâncias. a coisa é ao contrário: não deve ser a Guiné Equatorial que deve ser um exemplo de democracia impoluta antes de entrar para a CPLP, deve ser a CPLP, primeiro, um espaço de convívio democrático. 
não deve ser o aluno que vem à escola cheio de sabedoria ensinar colegas e professores, deve ser a escola a dar-lhe a sabedoria que procura. 
e, já agora, quantos Estados da CPLP são assim tão impolutos democraticamente? 
bem-vinda, Guiné Equatorial!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"Professores contra o Acordo Ortográfico"

há por aí um grupelho intitulado "Professores contra o Acordo Ortográfico", que me causa uma sensação de náusea. é simples: não precisamos de professores "contra a nova ortografia".
professores que "não concordem" com as normas oficiais devem sair e dar o lugar a outros. era só o que faltava ter de os aturar. quem julgam eles que são?
como funcionários, a sua função não é questionar as normas que têm de adotar no exercício das suas funções, é cumpri-las.
quem não concorda com as normas que deve aplicar no seu ofício demite-se e pronto.
é assim que procedem as pessoas de bem.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

o padre Fontenla


vai pra uns três séculos. acontece que o padre Fontenla, de São Torcato, Guimarães, antes de ser padre era um homem. por isso, tinha por lá as suas amigas, das quais uma lhe deu uma filha. foi um homem às direitas: educou-a, casou-a e deu-lhe um dote principesco. do padre Fontenla descende uma vasta tribo, da qual tenho a honra de fazer a minha ínfima parte. continuou a haver padres na família, mas não tenho informação de terem ou não sido tão assumidos na sua humanidade.

zé rebelo

nos primórdios de oitocentos, Zé Rebelo, alfaiate, vinha sezonalmente de Ribeira de Pena a Guimarães para despachar trabalhos e encomendas.
uma das paragens da sua caminhada de onze léguas a pé era uma casita em Serafão, espécie de poiso certo, de albergaria só pra ele.
aí, três quartos do caminho andado, tinha cama, mesa, roupa lavada, companhia e assistência a outras precisões.
a mulher que o esperava era uma tal Ana Francisca, a quem Zé Rebelo terá feito pelo menos quatro filhos.
o trabalho de alfaiate não devia correr mal de todo: sustentava esses filhos mais os legítimos e, quem sabe, outros Serafões.
Zé Rebelo é meu antepassado, que deus tenha. e falo nisto porque acho muita graça.

sábado, 5 de julho de 2014

o fio

em Lisboa, finais de 2003. a minha mulher estava grávida de 3 meses. saíamos do restaurante chinês. estava frio e a chover. vestíamos as gabardines, para sair.
um dos chineses, cheio de salameques e tacha arreganhada, diz para minha mulher:
- tem fio?...
- sim, está muito frio...
- não, tem fio no baliga... (e aponta para a barriga, onde mal se notava a gravidez).
- ahahah, sim...
e não era um filho, era uma filha...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

os telemóveis

falar ao telemóvel tornou-se um vício terrível. se deixo o telemóvel em casa é como se ficasse sem computador ou sem acesso ao Facebook. fico de rastos.
mas o telemóvel tem as suas vantagens.
primeiro, as meninas da estrada passam o tempo entrequecas a falar ao telemóvel, fazendo de conta que falam com alguém muito poderoso que lhes acudirá em caso de necessidade.
segundo, eu tinha um vizinho esquizofrénico, que ouvia vozes e falava com elas. um belo dia, para disfarçar e ninguém dizer que falava sozinho, comprou um telemóvel. e passava horas a falar com os seus interlocutores. só eu é que desconfiei de tanto falar ao telemóvel e na rua, para toda a gente ouvir. mas fiz sempre de conta que acreditava na cena.





e, terceiro, há muitos mais casos em que o telemóvel dá um jeitão.







terça-feira, 1 de julho de 2014

pão com chouriço, nozes e passas

importantíssimo:
pão com chouriço,
nozes e passas
vai às finanças
com seis por cento
e eu acrescento,
felicíssimo:
não passo sem isso,
caraças!




a propósito da detenção de Nicolas Sarkozy

Nicolàs, Nicolàs,
quem te viu pela frente,
quem te vê por trás...
e a justiça em França,
que chatice,
não é como cá...
por isso eu te disse
entre dois pés de dança
mais vale ser presidente cá
do que ex-presidente lá.