segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

por uma política da Língua

a discussão sobre o Acordo Ortográfica é ociosa e inútil. quem é contra porque sim, porque lhe apetece, é contra porque sim. porque lhe apetece. quem tem razões para ser a favor continua a ter as mesmas razões. 
a questão não é técnica nem científica, é política. 
de um lado estão os que defendem uma política da Língua isolacionista e bacoca, aqui e ali sombreada com um nacionalismo triunfalista do segundo terço do século passado; do outro lado, os que defendem uma política da Língua que respeite a igualdade entre todos os países e regiões da Língua, uma política que realce e defenda o seu lugar privilegiado no panorama linguístico do mundo, onde, por força das coisas, o Brasil representa [mais de] três quartos dos falantes. 
não existe Lusofonia com peso no mundo sem o Brasil. por isso, é natural que uma política da Língua inclua obrigatoriamente o Brasil. Brasil que, ainda por cima, tem uma relevância económica e política mundial que Portugal não tem. 
o Brasil só precisa de nós para ser no mundo mais que uns meros 200 milhões de falantes de uma só Língua; nós precisamos do Brasil para termos a importância que significa falarmos a terceira Língua a nível mundial. para isso, precisamos de uma norma escrita comum, que, por sinal, fomos nós a destrui-la com a iniciativa legislativa isolada dos republicanos de 1911. 
um século depois, chegou a hora de definir quem somos. 
é a hora de atitudes políticas consistentes. é a hora de sermos portadores de uma Língua mundialmente importante ou de sermos uma língua sem qualquer relevância mundial. 
os argumentos e as decisões são da política. é para isso que se quer a política. 
se ficarmos isolados, nós, os nove milhões e pico, mais os falsos milhões de certos países lusófonos onde a lusografia e a lusofonia está longe de ser a regra, representamos, na mais otimista das hipóteses, um quarto dos falantes. ou seja, temos a importância que merecemos. 
deixemo-nos de discussões ridículas e inúteis. claro que a nova ortografia é uma questão política, e não linguística. uma questão política essencial. 
é claro que a longa preparação e a assinatura do Acordo, sua ratificação pela Assembleia da República e promulgação pelo Presidente da República foi uma obra política. assim como é política a sua absurda rediscussão. 
se o não fosse, por que razão alguns quereriam referendar uma questão “linguística”? se o não fosse, por que motivo a Assembleia da República criaria uma Comissão, uma Subcomissão e um Fórum para discutir a coisa? 
já agora, pergunto: os votantes desse tal referendo são [todos] linguistas? os deputados são [todos] linguistas? os contristas são [todos] linguistas? os ignorantes são [todos] linguistas?


pois é, a nova ortografia é uma questão essencial de política da Língua...

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